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sábado, 18 de marzo de 2017

TENDENCIAS PEDAGOGICAS NAS PRATICAS DO PROFESSOR DE ALUNOS AUTISTAS

TENDENCIAS PEDAGOGICAS NAS PRATICAS DO PROFESSOR DE ALUNOS AUTISTAS


Autora - Mary Diva Portugal Makhoul 
Makhoul,M.D.P.(2013)



















I - RESUMO
Este ensaio é fruto de uma pesquisa bibliográfica sobre  as  principais tendências pedagógicas que predominam, na prática pedagógica dos professores e outros  profissionais ligados à educação de alunos autistas. Dessa forma foi feito uma revisão bibliográfica sobre as Tendências Escolanovista, Tecnicista, Construtivista ou  construtivismo de Piaget,  a Teoria Sociohistórica de Vigotsky, e o método Montessoriano, por entendermos que são as tendências mais utilizadas pelos professores para nortear as suas praticas pedagógicas com alunos autistas.
II - INTRODUÇÃO
Este ensaio, intitulado “TENDENCIAS PEDAGOGICAS NAS PRATICAS DO PROFESSOR DE ALUNOS AUTISTAS”,  constitui-se no trabalho final do Seminário “Nuevos Paradigmas en Educación”, componente do quadro curricular do Mestrado em Educação, da Universidad del Salvador, ministrado pela Profª Claudia Zysman, na cidade de Buenos Aires, Argentina.
A escolha do tema justifica-se por ser a minha área de estudo e tema da minha Tese.
 Diante do exposto, considerei importante situar brevemente as principais tendências pedagógicas que predominam, na prática pedagógica ou no discurso dos professores e outros  profissionais ligados à educação de alunos autistas. Dessa forma será apresentada uma  revisão sobre as Tendências Escolanovista, Tecnicista, a Construtivista ou  Construtivismo de Piaget,  a Teoria Sociohistórica de Vigotsky, e o Método Montessoriano.
Essa revisão tem o  objetivo de evidenciar a prática pedagógica desenvolvida a partir dessas tendências e  fornecer subsídios para a análise da prática pedagógica dos professores de alunos  com autismo.
III - DESENVOLVIMENTO
A Tendência da Escola Nova ou a Tendência Escolanovista surgiu como  oposição à tendência tradicional, fundamentou-se no princípio da liberdade individual   da criança e teve como base a psicologia subjetivista. No Brasil, essa tendência foi intensamente vivenciada no Brasil a  partir dos anos 30 e teve como idealizador Anísio Teixeira, que recebeu forte influência  de John Dewey, pedagogo norte-americano, que viveu entre o final do século XIX e  a primeira metade do século XX. Dewey defendia a  educação pela ação, acreditando que a escola não deveria ser a preparação para a  vida, mas a própria vida. O autor acreditava ainda que “[...] a educação é o resultado  da interação entre o organismo e o meio através da reconstrução da experiência”.  (LIBÂNEO, 1994, p. 62)
A característica que mais chama atenção na tendência escolanovista é a “[...]  valorização da criança, vista como ser dotado de poderes individuais, cuja liberdade,  iniciativa, autonomia e interesses devem ser respeitados”. (VEIGA, 1994, p. 50) Para  os escolanovistas, a função principal da educação é a de promover condições que  favoreçam a atividade dos alunos. O aluno é considerado como sujeito da  aprendizagem e dessa forma, o professor deixa de ser um transmissor do  conhecimento e passa a ser um auxiliar do desenvolvimento da criança, um  facilitador da aprendizagem. “O que o professor tem a fazer é colocar o aluno em  condições propícias para que, partindo de suas necessidades e estimulando os seus  interesses, possa buscar por si mesmo conhecimentos e experiências”. (LIBÂNEO,  1994, p. 65).
Na Escola Nova a prática pedagógica passa a ser regulada por atividades reais,  cotidianas, e quase inteiramente conduzida pela  capacidade que o aluno tenha em auto-desenvolver-se. O método de  ensino se resume à pesquisa, às possibilidades de elaboração de  hipóteses que normatizam o caminho que o aluno deve percorrer  para descobrir. A mediação do professor é exercitada aqui mediante orientação das atividades didáticas. O seu papel é de orientação de estudos e não de imposição de conteúdos abstrato.
A crítica feita por Veiga (1994) ao movimento escolanovista é de que ele não  buscava a solução dos problemas educacionais dentro da própria escola, e não  considerava o contexto político, econômico e social da realidade brasileira. Scalcon  (2002) também faz essa crítica quando pontua que a tendência escolanovista,  baseada no subjetivismo, desvincula o educando do seu ambiente histórico – social,  tornando-se assim, acrítica, e  acrescenta que a Escola Nova serviu  para promover e consolidar as transformações exigidas pela sociedade industrial,  pois na medida em que exaltava a espontaneidade da criança, estava a  preocupação em formar indivíduos capacitados para o trabalho. A tendência  escolanovista foi criticada também por promover um esvaziamento do conteúdo, no  e que havia por parte de Dewey e Anísio Teixeira a  preocupação com os conteúdos, mas acreditavam que o educando deveria se  apropriar significativamente desses conteúdos.
Essa  tendência vigorou por pouco tempo, nos anos 50 e 60, devido à ditadura e ao  governo militar em 1964, o que impediu a continuidade das mudanças que estavam  sendo realizadas nas escolas públicas.
Em relação ao aluno com autismo, também deve ser analisada a validade  dessa tendência. Como alguns demonstram resistência ao aprendizado e um apego  a certos objetos e rotinas, é necessário criar meios para incentivar sua participação  nas atividades, caso contrário, o aluno pode ficar alheio ao que está acontecendo na  sala de aula.
A Tendência Tecnicista tem seu aporte psicológico na psicologia behaviorista,  de inspiração objetivista, que atribui exclusivamente ao ambiente a constituição  das características, esse ambiente não se trata de um ambiente histórico, social e  cultural. Desenvolveu-se no Brasil, na década de 50, e ganhou maior relevância nos anos 60, após a instauração do governo militar em  1964. Por estar adequada com a orientação econômica, política e ideológica do  regime militar vigente na época, essa tendência foi imposta às escolas pelos  organismos oficiais. (LIBÂNEO, 1994, SCALCON, 2002).
 Scalcon também acrescenta que nessa tendência a escola tem o papel de aperfeiçoar a ordem social vigente o que se realiza por meio da organização do processo de aquisição de habilidades e de  técnicas específicas capazes de modelar o comportamento humano, assim, a escola passa a moldar o indivíduo, ou modelar seu  comportamento, para que posteriormente ele possa ser um cidadão produtivo. O papel da escola passa a ser o de satisfazer a necessidade da sociedade industrial, fornecendo recursos humanos capacitados para a indústria. Os conteúdos de ensino  presentes nesta tendência são as informações, princípios e leis científicos  estabelecidos e ordenados numa seqüência lógica e psicológica. É matéria de  ensino somente o que é redutível ao conhecimento observável e mensurável. (LIBÂNEO, 1998)
Esses conteúdos são resultantes da ciência objetiva, a subjetividade não é considerada.  Na tendência tecnicista o professor passa a ser um técnico a quem cabe  administrar e executar o planejamento. Ao aluno compete receber, aprender e fixar  as informações e os conteúdos transmitidos, o aluno não participa da construção da proposta pedagógica. Nessa tendência não são privilegiadas as interações sociais, a  relação professor-aluno é técnica, objetivando apenas a transmissão e recepção dos  conhecimentos.
Esta tendência  é muito utilizada no ensino do aluno com autismo tendo em vista que a psicologia behaviorista, de inspiração objetivista, que  serviu de base para a tendência tecnicista, é a mesma que serve de base para  alguns métodos comportamentais utilizados em escolas, clínicas ou instituições  especializadas no atendimento da pessoa com autismo. Como exemplos desses programas podem ser citados o TEACCH e o ABA, que através da modificação,  estruturação do ambiente e oferecimento de estímulos visam a modificação do  comportamento da pessoa com autismo.
O TEACCH – Treatment and Education of Autistic and Related  Communication Handicapped Children (Tratamento e Educação para Autistas e  Crianças com Déficits relacionados à Comunicação) teve sua origem na década de  60, nos Estados Unidos, Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte,  por Dr. Eric Schopler e colaboradores, através de um projeto experimental de  pesquisa. Esse projeto visava, com ajuda dos pais, educar as crianças que  possuíam autismo. Devido à eficácia do trabalho realizado, o projeto foi oficializado em 1972. (LEON e OSORIO, 2011)
O TEACCH tem como  objetivo  indicar, especificar e definir de maneira operacional os comportamentos  que devem ser trabalhados. O ambiente é estruturado pelo  professor ou profissional que trabalha com indivíduos com autismo, visando a  adaptação do ambiente para que a pessoa com autismo possa compreendê-lo e  entender o que é esperado dela e o desaparecimento ou a redução de  comportamentos indesejados através de reforços positivos.  
Cunha (2011) ressalta que o objetivo do programa é levar a  criança a comportamentos cada vez mais adequados, permitindo-a compreender o  ambiente e agir sobre ele. Acrescenta que as estratégias educativas utilizadas no  programa insistem na percepção, na imitação e na motricidade, recursos  imprescindíveis à comunicação, bem como nos comportamentos, na autonomia e na  sociabilidade .
Referindo-se ao TEACCH, Leon e Osorio ( 2011),  fazem uma análise sobre os pontos  positivos e negativos de tal programa. Como pontos positivos, a autora destaca que  as qualidades educativas do método residem em sua compreensão das técnicas  operacionais: trabalho individual, grande rigor de enquadramento, os objetivos a  curto prazo, observação e avaliação contínuas, material bastante adaptado,  frequentemente decomponível e podendo tornar-se um modo de comunicação. Como aspectos negativos, as autoras mencionam o aspecto condicionante das estratégias utilizadas para a consecução dos objetivos.
O ABA – Applied Behavioral Analysis (Análise Aplicada ao Comportamento)  foi primeiramente aplicado pelo psicólogo Ivar Lovaas, é um método que visa  observar, analisar e explicar a associação entre o ambiente, o comportamento  humano e a aprendizagem, objetivando uma modificação de comportamentos  específicos. O ABA tem ainda como objetivo ensinar à pessoa com autismo  habilidades não adquiridas por meio de passos cuidadosamente registrados. Cada habilidade desejada é apresentada em associação a uma instrução, sendo  concedido apoio quando necessário; esse apoio deve ser retirado aos poucos,  possibilitando a autonomia. No ABA cada resposta adequada implica na ocorrência  de algo agradável para a pessoa com autismo, tentando-se inibir ao máximo por  meio do reforço e da repetição, a manifestação do comportamento indesejado.  ( BAGAILO E GUILHARDE, 2011, CUNHA, 2009)
Tais programas têm uma função parecida com a da tendência tecnicista que é  a de modelar o comportamento através da organização e estruturação do meio. A  abordagem comportamental, que é utilizada nos métodos citados, tem uma  concepção mecânica do homem e do mundo, compreendendo a aprendizagem e o  desenvolvimento como semelhantes, sendo a aprendizagem e o desenvolvimento  vistos como resultantes do condicionamento do meio. (CUNHA, 2009) Nessa  abordagem, a educação é vista como treinamento de alunos passivos, com  comportamentos inapropriados, para aquisição de comportamentos aceitáveis para  convivência em sociedade.
Vale ressaltar  que, apesar das críticas, alguns princípios do TEACCH e ABA, como: a  antecipação, o incentivo à comunicação e à autonomia, dentre outros, demonstram eficiencia quando utilizados na prática pedagógica dos professores de alunos com autismo, contudo  essa utilização deve ser feita com base em uma reflexão cuidadosa e não de forma  acrítica como um simples condicionamento.
A Tendência ou Perspectiva Interacionista, baseada no construtivismo de  Piaget e na Teoria Sociohistórica de Vigotsky, surge como uma tentativa de superar a  dicotomia entre sujeito e objeto. Essa tendência concebe o ser humano como um ser  ativo que constrói conhecimento na relação com o ambiente. Embora essas teorias  apresentem semelhanças, podem-se perceber também algumas diferenças, desse  modo, as contribuições desses teóricos serão apresentadas separadamente.
Piaget, biólogo, filósofo e psicólogo suíço, é reconhecido por inaugurar uma  nova forma de perceber a relação do homem com o conhecimento. A epistemologia  de Piaget rompeu a dicotomia sujeito e objeto, presente na psicologia através das  correntes objetivista e subjetivista. Piaget se preocupou com a forma como a criança  construía conhecimento e postulou que o conhecimento é resultante da interação  sujeito e objeto. A ação é outro elemento que exerce um papel fundamental na  epistemologia piagetiana, pois: “O sujeito e o objeto não são definidos a priori, mas ao contrário, ganham gradual especificidade e definição quando mediados pela ação humana”. (SCALCON, 2002, p. 39)
Outro aspecto importante na teoria de Piaget é a preocupação com a  descoberta das diversas formas de conhecimento, das mais simples às mais  complexas. Ele postula que o desenvolvimento cognitivo é resultado de estruturas  biológicas, sensoriais e neurológicas; tem início no nascimento e termina na idade  adulta. Tal processo consiste numa passagem contínua de um estado de menor  equilíbrio para outro de maior equilíbrio. (PIAGET, 1998) Assim, Piaget estabeleceu  estágios universais de desenvolvimento que demonstram a existência das diferentes  formas de interação entre o sujeito e o conhecimento, ou seja, a existência de  sucessivos e crescentes processos de adaptação, a saber: o sensório-motor, o pré- operatório, o operatório concreto e o operatório formal. Esses estágios justificam a afirmativa de que a psicologia genética se preocupa com a origem do conhecimento.  Segundo Piaget (1998), cada um desses estágios caracteriza-se pelo surgimento de  estruturas originais que os distinguem dos estágios anteriores:
 1º Estagio, o Estágio sensório-motor, vai de 0 a aproximadamente 2 anos de idade, é anterior ao desenvolvimento da  linguagem e corresponde ao estágio dos reflexos ou mecanismos hereditários, da organização das primeiras  percepções e primeiros hábitos motores e da inteligência senso-motora ou prática.
2º Estágio, o pré-operatório, dos  2 aos 7 anos de idade, é o estágio da inteligência intuitiva, dos sentimentos interindividuais espontâneos e das  relações individuais de submissão ao adulto.
3º Estágio, o operatório concreto (ou das operações intelectuais  concretas), vai dos 7 aos 12 anos, é o estágio das operações intelectuais concretas e dos sentimentos morais e  sociais de cooperação.
4º Estágio operatório formal (ou das operações intelectuais abstratas), a partir dos 12  anos, é o estágio da formação da personalidade, da inserção afetiva e intelectual na sociedade dos adultos e das  operações intelectuais abstratas.
Embora os autores reconheçam que Piaget não desenvolveu uma teoria pedagógica,  são inegáveis as contribuições de sua teoria para a educação, mais  especificamente, para prática pedagógica dos professores dos alunos autistas. As principais delas são a nova forma de conceber o sujeito, possibilitado o professor ver o aluno como um  sujeito ativo e não como um ser passivo e a nova forma de conceber a  aprendizagem, não mais como resultado de memorização dos assuntos transmitidos  pelo professor, mas como uma construção ativa.
Em relação às pessoas com necessidades educacionais especiais, em  especial a pessoa com autismo, uma interpretação equivocada da relação entre  aprendizado e desenvolvimento na teoria de Piaget pode justificar a falta de  investimento na aprendizagem dessas pessoas ou uma espera no desenvolvimento  para planejar uma intervenção pedagógica adequada, o que para a autora deste  trabalho seria prejudicial para essas pessoas. O mais apropriado seria investir na  aprendizagem com vistas a favorecer o desenvolvimento desses indivíduos.
A Tendência ou Teoria sociohistórica, surgiu a partir dos estudos de Vigotsky, um  pesquisador soviético com formação em Direito, que frequentou cursos de história e  filosofia e aprofundou seus estudos em psicologia, literatura e filosofia e foi professor  de literatura e psicologia. A abordagem vigotskiana acredita que o processo de  construção do conhecimento ocorre na interação do sujeito historicamente situado  com o ambiente sociocultural onde vive. Sobre esta relação, Scalcon (2002) ressalta que na perspectiva sociohistórica  o conhecimento é construído na  interação sujeito-objeto a partir de ações socialmente mediadas. Essa abordagem  questiona a concepção de que o desenvolvimento da pessoa é determinado apenas  pelos fatores biológicos na medida em que aponta a importância do meio e da  interação social para o desenvolvimento humano.
A Teoria Sociohistórica oferece contribuições para a prática pedagógica,  concedendo ao professor um papel importante no desenvolvimento do aluno; o  professor é o responsável por realizar a mediação nas interações entre o aluno e o  conhecimento.
 Pimentel  (2007) ensina que numa relação de ensino e aprendizagem, mediar significa  fornecer níveis de ajuda, planejados de forma intencional e que se ajustem às  necessidades dos educandos, ressalta a importância da mediação realizada pelo professor, que  pode através de sua prática, promover intervenções planejadas e sistemáticas, que  favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento dos seus alunos. Nessa teoria, o  ensino é entendido como uma intervenção carregada de intencionalidade, incidindo  nos processos intelectuais, sociais e afetivos do indivíduo, cujo objetivo é a  construção do conhecimento feita de forma ativa pelo próprio indivíduo.
Além do que foi citado acima, o ponto principal na teoria de Vigotstky é que ela  trata da educação das pessoas com deficiência. Esse autor defendia uma escola que se abstivesse de isolar  essas crianças e, em vez disso, integrasse-as tanto quanto possível na sociedade.
 Marques (2001) destaca ainda que na teoria desenvolvida por Vigotsky a criança com deficiência não deve ser vista como possuindo um desenvolvimento  inferior ao de seus pares sem deficiência, ao contrário, como uma pessoa com  desenvolvimento qualitativamente diferente e único.
A ultima tendência apresentada aqui, será a Montessoriana, criada por Maria Montessori, médica italiana que chegou à Educação através do seu trabalho na Medicina, e não pela via tradicional da própria Pedagogia, como professora, no final do século XIX. A  proposta que buscava avançar na proposição de uma nova forma de organização do trabalho didático, e que respondesse ao desiderato da individualização do ensino. LAGOA (1979)
Uma grande observadora do comportamento humano, Montessori enfatizava que nenhum comportamento é sem causa ou objetivo, levando-a a desenvolver uma teoria de aprendizagem baseada na natureza humana, no desenvolvimento humano. Quando, a insistentes pedidos de autoridades e professores, resolveu escrever sua teoria sobre Educação e Desenvolvimento, chamou sua obra de O método científico aplicado à educação infantil e às Casas de Crianças – Auto-educação nas escolas primárias (1909).
Sua abordagem era um modo de ver o desenvolvimento infantil entremeado com as condições do ambiente, e como este ambiente poderia favorecer ou atrapalhar o desenvolvimento da criança. O método Montessori foi um dos primeiros métodos ativos quanto à criação e aplicação, seu principal objetivo são as atividades motoras e sensoriais visando, especialmente, à educação pré-escolar, trabalho também estendido a segunda infância. 
Segundo Machado (1996), após ter concluído o curso de Medicina , Montessori foi designada como Médica Assistente da Clínica Psiquiátrica da Universidade de Roma. Ali, veio a ter contato com crianças deficientes, na época chamadas de “idiotas” e consideradas “ineducáveis”, pois não se acreditava que a idiotia tivesse qualquer chance de ser tratada ou diminuída. Não havia tratamento, nem médico nem pedagógico, para estas crianças. Eram apenas reunidas em uma sala e trancadas à chave. Não havia qualquer brinquedo, qualquer material, nem sequer para “distraí-las”. Um dia, Montessori passava por uma destas salas, quando viu uma mulher servindo a refeição às crianças, mas com tal desprezo e rejeição que Montessori parou para inquiri-la sobre o razão de tanta ojeriza por aquelas crianças. A mulher respondeu que eram “como animais que, depois de comerem o pão, atiravam-se ao chão, disputando as migalhas”. Montessori então observou que as crianças, em vez de comerem as migalhas, amassavam-nas formando bolinhas ou outros objetos. Como tinha espírito científico e sabia que a natureza não age sem razão ou objetivo, pôs-se a observar essas crianças, por vários dias, e concluiu que elas tinham uma intenção ao fazer isso. Como não havia brinquedos nem nada na sala, amassavam as migalhas para fazer imitações de objetos e brincar com isso. Montessori ficou tão surpresa com a observação que pediu autorização à direção do hospital para trabalhar com essas crianças. Voltou-se novamente aos estudos, com destaque para dois médicos franceses, Jean-Marie Itard,  que trabalhou, no século XVIII, com surdos e com “o menino selvagem de Aveyron”,  e Edouard Séguin,  que havia desenvolvido “um método fisiológico para o tratamento de crianças deficientes. Fez também estudos de Psicologia e Antropologia, para auxiliá-la a compreender melhor essas crianças.
Ao fim de dois anos trabalhando na Escola Ortofrênica, fundada graças a seu trabalho, Montessori resolveu aplicar o teste de alfabetização utilizado nas escolas primárias de Roma e, para surpresa geral, essas crianças passaram no teste.
Os princípios fundamentais do método Montessori são: a atividade, a individualidade e a liberdade. Enfatizando os aspectos biológicos, pois, considerando que a vida é desenvolvimento, achava que era função da educação favorecer esse desenvolvimento.
O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo pois pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto. 
Mesmo sendo considerado por muitos autores como  uma tendência  ultrapassada, o método  é  ainda é muito utilizada na educação especial, e na educação de autistas.

IV - CONCLUSÃO
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação de  autistas passa a integrar a proposta pedagógica da escola especial, promovendo o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos.
Assim, alicerçados nas idéias dos autores , temos a convicção de que conhecer aceitar e conviver com as diferenças é fundamental para a construção de praticas pedagógicas que valorize a especificidade de cada aluno. Os autores também ressaltam a importância da  mediação realizada pelo professor, que  pode através de sua prática, promover intervenções  planejadas e sistemáticas, que  favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento dos seus alunos.
Concluo esse ensaio concordando com o pensamento dos autores estudados,  de que o professor deve flexibilizar sua prática para oferecer  respostas às necessidades específicas dos alunos com autismo. Acreditamos   que a prática pedagógica pautada em  teorias multirreferenciais com currículos adaptados e individualizados são meios eficazes  para favorecer a educação de alunos autistas

V- BIBLIOGRAFIA 

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