Monografia apresentada como requisito parcial
para à obtenção do titulo de especialista em Motricidade Humana da Universidade
Castelo Branco/RJ, 2009.
Autora: Mary Diva Portugal Makkhoul
Orientador: Prof. Vernon Silva Furtado
RESUMO
Objetivos: Comparar as
respostas motoras obtidas após realização de dois programas de recuperação
motora, a facilitação neuroevolutiva de Bobath e a hidroterapia,
em crianças com paralisia cerebral espásticas diparéticas, através de
levantamento bibliográfico, incluindo artigos, em um período de dez anos.Método:
Realizou-se uma revisão da literatura com limitação temporal de 1998 e 2009, versando
sobre o tratamento da paralisia cerebral, através da facilitação neuroevolutiva
de Bobath e da hidroterapia.Resultados: Dos 209 trabalhos localizados 57 foram
excluídos por se tratarem de revisões de literatura. Destes, 102 foram
utilizados, sendo 64 publicações sobre hidroterapia no tratamento da paralisia
cerebral inclusive dissertações e monografias. Apenas 38 publicações sobre o
método Bobath no tratamento da paralisia cerebral. Não foi encontrada nenhuma
dissertação ou tese sobre o Bobath, apenas monografias. Conclusão: Não foi
encontrada nenhuma publicação de estudo comparativo entre as duas técnicas.
Apesar das evidências clinicas dos benefícios do tratamento fisioterapêutico
através do Método Bobath e da Hidroterapia aplicada à crianças com paralisia
cerebral, há uma falta substancial de estudos que comprovem a evidência
cientifica das referidas técnicas.Portanto, novas
pesquisas são necessárias para confirmação desses achados.
Unitermos: Paralisia cerebral, tratamento
fisioterapêutico, Método de Bobath e Hidroterapia.
I - INTRODUÇÃO
As
condutas terapêuticas têm por objetivo, modificar a resposta motora de uma
criança com lesão cerebral e torná-la
semelhante à de crianças normais, baseados em sua
capacidade em adquirir novas
respostas à estimulação. Vários métodos têm sido utilizados no tratamento da
Paralisia cerebral, como a abordagem fisioterapêutica clássica utilizando
método Bobath, que se estrutura em processos de facilitação motora, por
inibição de padrões tônicos patológicos associados a pontos chaves de controle.
A hidroterapia, um método que utiliza o meio liquido visando a facilitação
neuromotora tem, também, sido muito empregada como instrumento terapêutico, visando
o desenvolvimento e/ou potencialização de habilidades motoras e as atividades
diversas neste tipo de criança.
Revisando as pesquisas
realizadas nos últimos dez anos através de meios científicos como a SCIELO,
LILACS, PUBMED, BIREME., MEDLINE, encontraram-se muitos estudos centrados na
descrição da doença, tratamento medicamentoso, cirúrgico e suas complicações. Estudos comprovando a
real eficácia das técnicas reabilitatórias ou mesmo estudos comparativos sobre
as mesmas, não foram encontrados na literatura consultada. Diante disto
resolveu-se elaborar este estudo, através da revisão da literatura, com a atuação
do fisioterapeuta nas técnicas de Bobath e da Hidroterapia com intuito de
avaliar a eficácia das duas técnicas de tratamento reabilitatório.
Esta investigação visa suprir a demanda para este tipo de
informação, com isto a implementação de condutas de prevenção e reabilitação, a
facilidade para elaboração de protocolos, o desenvolvimento de serviços e
principalmente profissionais especializados, será a condição essencial para que ocorra melhoria na qualidade de vida e a inclusão social das pessoas com paralisia cerebral.
Este estudo enquadra-se na
área de concentração I do PROCIMH, na Dimensão das Variáveis Biofísicas da
Motricidade Humana, pois trata de uma investigação da influência dos distúrbios
e condutas terapêuticas sobre o sistema motor, e de suas condutas e
comportamentos motores, sendo parte integrante da linha de pesquisa Mecanismos
e Processos da Aprendizagem Motora, visto que o objeto de estudo (crianças com
paralisia cerebral) e as circunstâncias (as terapias a serem estudadas), contribuirá
de forma positiva buscando torná-las o mais semelhante possível à crianças
normais, baseados em sua capacidade de
adquirir novas respostas à estimulação.
1.1. O problema
Constituiu-se problema
desta investigação: existem respostas diferenciadas nas condutas terapêuticas
utilizando a facilitação neuroevolutiva de Bobath e a hidroterapia, em relação
à aquisição das condutas motoras de crianças com paralisia cerebral?
1.2
Objetivos do estudo
1.2.1.
Geral
·
Comparar
as respostas motoras obtidas após realização de dois programas de recuperação
motora, a facilitação neuroevolutiva de
Bobath e a hidroterapia,
em crianças com paralisia cerebral espásticas diparéticas, através de
levantamento bibliográfico, incluindo artigos, em um período de dez anos.
1.2.2.
Específicos.
·
Realizar um levantamento bibliográfico, incluindo artigos sobre o
tratamento através da facilitação
neuroevolutiva de Bobath e a hidroterapia, em crianças com paralisia
cerebral espásticas diparéticas, em um período de dez anos.
·
Comparar
os resultados obtidos nos dois programas de recuperação motora.
·
Discutir
os resultados obtidos nos dois programas de recuperação motora.
1.3
Justificativa.
O objetivo do tratamento reabilitatório nas lesões
cerebrais, mais do que em qualquer outra condição é o de tornar o individuo
mais independente possível, considerando-se os limites e as potencialidades de
cada um.
Existem numerosos métodos utilizados para tratamento das
lesões cerebrais, sendo a abordagem fisioterápica clássica o método Bobath, que
é baseado na facilitação motora por inibição de padrões tônicos patológicos
através de pontos chaves de controle.
Também bastante utilizado, a hidroterapia tem como
objetivo a redução do tônus muscular, relaxamento, aumento da amplitude articular,
reeducação muscular, fortalecimento muscular, restauração de padrões normais de
movimento, além de melhora da resistência geral.
Apesar de haver muitos estudos comprovando a eficácia das
técnicas fisioterápicas no tratamento da criança com lesões cerebrais, pouco se
tem conhecimento sobre as respostas motoras de cada terapêutica.
Desta forma é mister a necessidade de um planejamento do
tratamento, baseado em uma técnica com eficácia comprovada.
O presente estudo buscará evidenciar e comparar a eficácia
dos métodos avaliados em relação à aquisição das condutas motoras, visando
suprir a demanda para este tipo de informação. .
Pelas considerações
apresentadas e tendo a certeza da carência ao acesso e da pobreza das produções
cientificas especializadas sobre Paralisia Cerebral, prevê-se uma clareza da
relevância dos temas que serão abordados neste estudo para suprir as demandas dos profissionais da reabilitação.
A escolha das técnicas a
serem estudadas se deu pelo fato de serem as mais comumente utilizadas em
reabilitação, entretanto sem sua eficácia comprovada de forma comparativa.
1.4
Relevância
A temática é relevante por
buscar valorizar a atuação profissional do fisioterapeuta, presente em todo ato
de assistência à saúde.
Este estudo apontará para
uma implementação de condutas de prevenção e reabilitação, bem como a
facilitação da elaboração de protocolos, atualização dos serviços, e
principalmente dos profissionais, pois evidenciará uma proposta terapêutica mais eficaz, e
fornecerá subsídios para um programa terapêutico reabilitatório na paralisia cerebral.
1.5 Hipóteses
H0. Não existem
respostas diferenciadas na aquisição das condutas motoras em crianças com
paralisia cerebral, quando se utiliza a
técnica da facilitação neuroevolutiva de
Bobath, comparativamente à prática de Hidroterapia.
H1. Existem respostas
diferenciadas na aquisição das condutas motoras em crianças com paralisia
cerebral, quando se utiliza a Hidroterapia, em relação a técnica da facilitação neuroevolutiva de Bobath.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na literatura especializada encontra-se uma gama de
definições que conceituam a paralisia cerebral, porém até as definições mais
aceitas diferem, , entre si. Até mesmo o termo “Paralisia Cerebral”, embora
amplamente difundido e utilizado na prática, não é considerado adequado, pois
significaria uma ausência total de atividade cerebral, o que não ocorre nestes
quadros. Talvez fosse mais correto o emprego do termo genérico, “criança com
lesão cerebral”. O termo “Encefalopatia Crônica Infantil Não-Evolutiva” também
tem sido bastante utilizado, embora compreenda numerosas afecções com várias
etiologias e quadros clínicos muito diversos que afetam cronicamente o SNC da
criança.
A enfermidade foi descrita pela primeira vez em 1860 pelo
Dr. William Little, um ortopedista inglês, tendo relacionado estas alterações
com a hipóxia perinatal ao dos traumas de parto como fatores determinantes de
lesões cerebrais irreversíveis. ( ( FONSECA, L.F.; Et al; 2002)
Foram observadas 47
crianças que possuíam como características rigidez muscular, em especial nos
membros inferiores e em menor grau nos membros superiores. Estas crianças
tinham dificuldade em pegar objetos, engatinhar e andar e não melhoravam com
seu crescimento, nem tão pouco pioravam. Tal condição foi chamada de “Síndrome
de Little, (FONSECA, L.F.; Et al; 2002)
A expressão
"Paralisia Cerebral" foi cunhada por Freud em 1897, onde a expressão
empregada foi "Paralisia Cerebral Infantil", dando a entender que o
paciente acometido por ela ficaria imobilizado, fato este que ocorre somente com
uma parcela dos pacientes, Freud discordou de Little ao observar que crianças
com paralisia cerebral geralmente apresentavam outros problemas, como por
exemplo: retardo mental, distúrbios visuais, convulsões, entre outros. Então,
ele sugeriu que a desordem poderia algumas vezes afetar o cérebro antes do
nascimento, durante o desenvolvimento cerebral fetal (DIAMENT, A, 1996).
Ao estudar a Síndrome de
Little, Phelps (in Ingram) generalizou o termo Paralisia Cerebral a fim de
diferenciá-lo do termo Paralisia Infantil, a poliomielite, que consiste em
paralisias flácidas, (FONSECA, L.F.; Et al; 2002)
Em 1958 o Simpósio de
Oxford promovido pelo Little Club propôs que PC seria um distúrbio motor
qualitativo persistente devido à interferência não progressiva no
desenvolvimento cerebral, surgindo antes dos 3 anos de vida, MAKEITH, R.C,et
al, 1959. Porém a definição mais citada é que PC é um termo amplo que abriga um
grupo, não progressivo, mas geralmente mutável, de síndromes motoras
secundárias a lesão ou anomalias do cérebro que aconteceram nos estágios
precoces do seu desenvolvimento (DIAMENT, A, 1996).
Em meados dos anos 60 do
século XX, Christensen & Melchior consideraram PC como um grupo de
distúrbios caracterizados por reduzida habilidade em fazer uso voluntário dos
músculos, condição causada por um distúrbio cerebral não-progressivo e não
hereditário, o qual se inicia antes ou no momento do parto ou nos primeiros
anos de vida. Assim, afastam-se quaisquer moléstias de origem heredodegenerativa,
mas pode levar a questionamentos quanto a quadros resultantes de aberrações
cromossômicas, inclusive porque alguns autores chegaram a classificar a
trissomia do cromossomo 21 como PC de origem pré-natal, o que não corresponde
às definições propostas, uma vez que não cursa com paralisia, nem alterações
posturais ou do movimento, podendo haver apenas alteração do tônus muscular
(hipotonia) que tende a melhorar com o avançar da idade. (DIAMENT, A, 1996).
No inicio dos anos 80 do
século XX, cientistas analisaram extensivamente dados de um estudo
governamental de mais de 35 mil nascimentos e se surpreenderam ao descobrir que
tais complicações aconteciam em apenas parte dos casos, provavelmente em menos
de 10%. Na maioria em questão não foi possível identificar a causa da Paralisia
Cerebral. Estes achados do estudo perinatal do Instituto de Distúrbios
Neurológicos (National Institute of Neurological Disorders and Stroke – NINDS)
alteraram profundamente as teorias acerca da Paralisia Cerebral e estimularam
os pesquisadores a descobrirem outras causas.
Para compreender PC,
precisamos considerar que o desenvolvimento neurológico se inicia na concepção
e o processo de mielinização do sistema nervoso central começa no período fetal
e continua até a vida adulta, apesar de estar quase completo nos dois primeiros
anos de vida, quando ocorrem cerca de 80% deste processo. As mais rápidas
mudanças no grau de mielinização ocorrem nos primeiros 8 meses de vida e em
algumas áreas, tal processo se estende até o final do segundo ano de idade,
prosseguindo até a vida adulta em outros casos, em um ritmo bastante lento.
2.1
ASPECTOS EPIDEMIOLOGICOS
Devido à heterogenicidade
de conceitos , bem como as dificuldades de se estabelecer critérios diagnósticos
uniformes, já que não é uma doença de notificação compulsória e nem sempre é
reconhecida por pais e médicos assistentes, é uma tarefa um tanto quanto
difícil determinar incidência e prevalência da PC ( DIAMENT, 1996).
A PC tem
mantido a mesma incidência nos últimos anos, contudo a prevalência das formas
moderadas e severas está entre 1,5 e 2.5 por 1.000 nascidos vivos nos países
desenvolvidos. Em países subdesenvolvidos, considerando todos os níveis da PC a
incidência deve chegar a 7:1.000 (FONSECA, 2002).
Não existe pesquisa específica e oficial no Brasil a
respeito da incidência de portadores de deficiências física, sensorial ou
mental. Segundo Edelmuth,1982, surgem no Brasil, 17.000 novos casos de PC ao
ano .
Schwartzman,1993 ainda
refere que não há dados para se afirmar se a incidência da encefalopatia está
se modificando ou não nos EUA nestas últimas décadas; o autor refere que
trabalhos publicados em países industrializado em anos recentes não têm
demonstrado uma queda na ocorrência da encefalopatia.
As incertezas quanto a uma
definição etiológica da paralisia cerebral continuam existindo apesar do
progresso nas pesquisas. Os fatores de risco tradicionalmente reconhecidos,
tais como prematuridade e baixo peso, asfixia perinatal e apgar baixo, são questionáveis
como fatores determinantes da paralisia cerebral, ganhando maior valor quando
associados a outros fatores como imaturidade neurológica, hemorragia
intraventricular, necrose da substância branca e malformações congênitas (no
SNC e fora dele), além de outras causas como: infecções congênitas,
hiperbilirrubinemia, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus. A ingestão, pela
mãe, de estrogeno e hormônio para tiróide também são associados à paralisia
cerebral,
Levitt, 2001 conceituou
ECI como um grupo de condições caracterizadas por disfunção motora em razão de
uma lesão cerebral não progressiva no início da vida.
Os fatores etiológicos da
encefalopatia podem ser subdivididos em 3 itens: pré-natal, peri-natal,
pós-natal. ( Tabela 1)
Tabela 1 Fatores causais e de risco
Pré-natais
Genéticas e/ou
Heretitárias
Causas Maternas
Infecções
congênitas (Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Sífilis, HSV)
Drogadição materna,
uso de medicamentos (Tabaco, Álcool, Maconha, Cocaína)
Complicações
obstétricas
Eclampsia/Pré-eclâmpsia
Descolamento
Placentário
Placenta prévia
Hemorragias/ameaça
de aborto
Diabetes/Desnutrição
maternos
Má posição do
cordão umbilical
Malformações
congênitas
Exposição a
radiações (raios X)
Perinatais
Prematuridade e
Baixo peso
Distócias (Asfixia
perinatal, Trauma cerebral)
Infecções
(Menigites, Herpes)
Hiperbilirrubinemia
(hemolítica ou por incompatibilidade)
Hipoglicemia
Distúrbio
Hidroeletrolíticos
Pós-natais
Infecções
Meningites
Encefalites
Trauma craniano
Acidente
cérebro-vascular
Cardiopatia
congênita cianótica
Anemia Falciforme
Malformações
vasculares
Encefalopatias
desmielinizantes (pós-infecciosas ou pós-vacinais)
Anóxia cerebral
Acidente por
submersão
Aspiração de
corpo-estranho
Insuficiência/parada
respiratória
Síndromes
epilépticas (West e Lennox-Gastaut)
Status epilepticus
Desnutrição
Fonte: modificada de DIAMENT, A
Encefalopatias crônicas da Infância (Paralisia Cerebral) Em DIAMENT, A, CYPELS,
Neurologia Infantil, 3ed, 1996
2.2. CLASSIFICAÇÃO DA PC
Para efeitos didáticos, as seqüelas motoras podem ser
divididas quanto à topografia do acometimento e também com relação ao tipo de
anormalidade de tônus muscular e movimento encontrado.
Classificação
Topográfica (ROWLAND, 1986):
• Monoplegia ou monoparesia: quando ocorre acometimento
de um membro superior ou um membro
inferior. Raramente ocorre.
• Diplegia: Paralisia com afetação dos quatro membros em
diversos
graus, com maior acentuação nos membros inferiores;
• Paraplegia ou paraparesia: Paralisia bilateral,
simétrica de ambos os
membros inferiores;
• Hemiplegia ou hemiparesia: Paralisia de ambos os
membros,
superior e inferior, de um hemicorpo (esquerdo ou
direito).
• Tetraplegia ou tetraparesia: Paralisia dos quatro
membros.
2.3 Tipos clínicos
de Paralisia Cerebral
De acordo com as características semiológicas dominantes,
os quadros clínicos podem ser divididos em três formas principais: Espástica,
atetósica e atáxica, sendo que um quarto grupo reuniria formas mistas. Dentre
essas formas, destaca-se a espástica, que representa 75% do total dos casos. A
forma atetóide representa
aproximadamente 18% e os atáxicos, 1
a 2%. Não se encontra um grande número de crianças
afetadas por um só tipo puro de anomalia, mas por uma combinação de vários
tipos (LEFÉVERE, 1985).
Segundo Bobath (1989) o que distingue os diferentes tipos
de Paralisia cerebral, são basicamente três fatores: a tonicidade
muscular, os tipos de inervação recíproca e os padrões posturais.
2.3.1 Tipo Espástico
A definição mais aceita da espasticidade é que se trata
de um aumento da resistência ao alongamento passivo dependente da velocidade do
alongamento, e que está associada à exacerbação dos reflexos tendinosos, sendo
uma das seqüelas mais comuns presentes em leões do SNC (TEIXEIRA, OLNEY e
BROWNWER, 1998).
A espasticidade indica a existência de lesões no sistema
piramidal. Este sistema encarrega-se da realização e controle dos movimentos
voluntários e sua alteração caracteriza-se pela dificuldade na realização de
movimentos voluntários e pelo aumento do tônus muscular. A hipertonia é
permanente, inclusive quando a criança está em repouso. Este
fenômeno manifesta-se de forma mais clara quando a criança realiza um esforço
excessivo para tentar executar qualquer movimento. A persistência do aumento do
tônus muscular origina posturas anormais que normalmente tornam-se típicas da
criança e podem converter-se em deformidades ou contraturas Lianza et al,
2001.
Ao movimentar-se ou falar, a criança espástica muitas
vezes apresenta a necessidade de fazer um grande esforço, mesmo nas ações
motoras mais simples, que para a maioria das pessoas são feitas de modo
automático.
2.3.2 Tipo atetósico ou
discinético
A atetose é um transtorno que se caracteriza pela
existência de movimentos irregulares, lentos e espontâneos. Podem localizar-se
somente nas extremidades ou estender-se a todo o corpo (SOUZA et al,
s.d.). Os movimentos são de tipo espasmódico e incontrolado, com preservação de
determinados reflexos primitivos Há uma flutuação do tônus postural. É
importante destacar que o movimento atetósico pode ser atenuado pelo repouso,
sonolência e determinadas posturas, como em decúbito ventral ou sentada. Pelo
contrário, este pode ser exacerbado pela excitação, insegurança, pela posição
dorsal e pela posição em pé. A
fala destas crianças é inconstante quanto ao ritmo, os sons são distorcidos
devido aos movimentos involuntários, que os poderão até se tornar
incompreensíveis. Esta situação poderá ser agravada por distúrbios
respiratórios e movimentos excessivos.
Na generalidade trata-se de crianças que ainda em bebês
foram hipotônicas e de constituição débil, que é agravada pelas suas
dificuldades alimentares e respiratórias. Está também presente uma assimetria
da cabeça e do tronco, os braços são mais afetados do que as pernas e encontram-se
fortemente recuados em relação aos ombros.
2.3.3. Tipo atáxico
É um tipo raro de paralisia cerebral, no qual a
incoordenação dos movimentos é gerada por uma lesão cerebelar (SOUZA et al, s.d.). Caracteriza-se por uma
instabilidade de equilíbrio, com pobre controle da cabeça, do tronco e dos
membros, o que torna a manutenção da postura ereta mais difícil de ser
alcançada. É constante nestas crianças a existência de um baixo tônus postural
que as leva a moverem-se lentamente, com as pernas muito abertas (para
aumentarem a base de sustentação) e com muito cuidado, devido ao medo de perder
o equilíbrio. Na execução de movimentos voluntários, aparecem sinais de que o
cerebelo apresenta lesões. De um modo geral o tônus muscular encontra-se
diminuído, mas existem casos no quais ocorre um aumento desse mesmo tônus.
3.
DISTÚRBIOS RELACIONADOS
Apesar de caracterizada
pela disfunção motora, a PC é sempre acompanhada por outras desordens da função
cerebral. Entre elas as anormalidades de cognição, visão, audição, fala,
sensações táteis, atenção e comportamento. A epilepsia geralmente está
presente, bem como defeitos na função gastrintestinal e crescimento. As desordens de funções corticais mais altas
têm impacto importante nas atividades da vida diária e afetar tarefas como
vestir-se ou apertar botões em uma
criança que aparentemente é levemente afetada . MILLER (1998).
3.1.
Retardo Mental
Um número significativo de
crianças com PC tem algum grau de retardo mental. Apesar de a gravidade do
retardo mental estar geralmente correlacionada com o grau de deficiência
motora, pode ocorrer variação individual e o desenvolvimento mental é
geralmente desigual. Nos pacientes sem retardo mental franco, dificuldades
específicas de aprendizado podem afetar o potencial educacional destes. (MILLER
, 1998).
3.2.
Convulsões
Cerca de um terço das crianças com PC desenvolvem algum
tipo de distúrbio convulsivo, co afecção mais comum durante os dois primeiros
anos de vida, especialmente os do grupo com retardo mental. As convulsões
também são mais comuns nas formas espásticas (tetraplegia e hemiplegia
adquiridas) e menos nas PC extra-piradimais, a PC atetóide e também nas formas
leves de diplegia espástica (MILLER
(1998).
As convulsões podem causar
deficiência adicional e seu controle pode ser difícil ou débil, requerendo
doses sedativas do anticonvulsivante que vai prejudicar o aprendizado e a
socialização futuramente. ( MILLER,1998).
Em alguns casos, com o fim
das crises epilépticas, pode haver melhora motora e cognitiva.
3.3.
Deficiência Auditiva
Não é muito frequente, mas é mais comum nas crianças com
PC que na população em
geral. Está presente
em crianças com coreoatetose e algumas espásticas. Quando a etiologia da PC é a
toxoplasmose congênita, incompatibilidade Rh ou rubéola congênita, o
aparecimento de problemas auditivos é mais frequentes. (SHWARTZMAN,1993)
A detecção precoce pode
resultar em intervenção precoce contribuindo para melhor aprendizado e
desenvolvimento apropriado.
3.4.
Deficiência Visual
A anormalidade ocular mais comum na PC é o estrabismo e a
hipermetropia. O estrabismo convergente é seis vezes mais freqüente que o
divergente. Algumas vezes pode-se observar nistagmo na ataxia. Miopia é mais
comumente encontrada em prematuros e a hemanopia e freqüentemente vista em
hemiplégicos que tem déficit sensorial cortical (SHWARTZMAN,1993).
Catarata e corioretinite
também podem estar relacionadas à PC, dependendo da causa da desordem de
movimento. Na maioria dos olhos afetados, a refração ou consultas oftalmológicas
são indicadas.
A acuidade visual,
respostas pupilares, exame de campo visual e oftalmoscopia normalmente são
suficientes para o diagnóstico apropriado. Em crianças muito jovens, ou com
retardo importante, o potencial evocado ocular pode ser mandatório (SHWARTZMAN,1993).
3.5.
Distúrbios Perceptivos e Visio-Motores
São termos comumente utilizados para definir a
dificuldade em perceber relações espaciais (ABBECROMBIE, 1964 apud
CANDIDO,.2004) Segundo Abbecrombie, a criança com PC pode perceber visualmente
a diferença entre duas formas, e eventualmente, não ser capaz de copiá-las em
um papel devido a problemas no movimento conseqüentes à alteração do tônus
muscular. É uma condição bastante comum na PC com implicações na habilidade de
aprendizado (WILLIAMNS, 1958; WEDELL, 1960; NELSON, 1962 apud CANDIDO, 2004).
Os atetóicos parecem ter mais distúrbios perceptivos que os espásticos e parece
que a habilidade perceptual não está relacionada ao grau de envolvimento motor.
É comum encontrar-se casos de hemiplegia com problemas significativos nas áreas
perceptivas e visio-motora, apesar de estas crianças geralmente terem um desenvolvimento
cognitivo normal (CANDIDO, 2004).
3.6.
Deficiência Tátil
Nas crianças com
hemiplegia espástica, freqüentemente encontra-se perda da sensação de textura e
percepção da forma de objetos (esterognosia) nos membros afetados,
principalmente a mão. Em geral, quando há encurtamento ou atrofia, deve-se
suspeitar da perda sensorial no membro envolvido, pois o sistema proprioceptivo
é o responsável pelo início do movimento e pela orientação da progressão do
mesmo (BOBATH, 1989).
3.7.
Desordens Alimentares
A desnutrição na PC é um problema comum, sendo
conseqüência de ingesta caloria insuficiente relacionada a distúrbios
mastigatórios e de deglutição, recusa alimentar, vômitos e refluxo
gastroesofágico, sem falar do grande gasto energético no caso da espasticidade,
quando as musculaturas agonista e antagonista estão sendo usadas sem relaxar
durante todo o tempo. Ainda, a desnutrição pode levar a apatia e aumento das
taxas de infecção. Mais ainda, do mesmo modo que em todas as síndromes com
disfagia neurogênica, há grande risco de aspiração e tal condição é grande
fonte de estresse para os familiares. Muitas famílias gastam várias horas todos
os dias alimentando a criança, e não é raro o uso de alimentação não-oral, isto
é, a utilização de sondas (Jones, 1989 apud CANDIDO,.2004), ou até mesmo
gastrostomia pode ser necessária para preservar o estado nutricional do
paciente (SHAPIRO ET AL., 1986 apud CANDIDO,.2004).
3.8.
Problemas Orais e Dentários
Em
Candido, 2004, encontramos que a dificuldade de deglutição está presente em
diversos casos de PC, especialmente nos coreoatetóides e na tetraplegia
espástica. Também pode ser observada a sialorréia que permanece após o primeiro
ano de vida e está relacionada a dificuldade para deglutir. Crianças com PC que
tenham desordem motora grave podem ter sialorréia devido `a disfunção da
coordenação da musculatura oral. Outros fatores que contribuem para a sialorréia
são a posição da cabeça, postura ao sentar, tamanho do nariz e capacidade de
respirar pelo nariz. A sialorréia pode predispor
e transmitir infecções e atrapalhar os cuidados à criança bem como sua
educação. (KOHEIL ET AL., 1987)
3.9.
Constipação
Quanto mais tempo as fezes permanecem no colo, maior é a
absorção de água e mais endurecidas elas ficam resultando em constipação. A
constipação intestinal crônica decorre de vários fatores, dentre eles, pequena
ingestão de fibras e líquidos, atividade física reduzida, e uso de medicações
como antiácidos e certos antiepilépticos (MILLER,1998).
3.10
Disfunções Urinárias
Enurese, freqüência, urgência e incontinência ao estresse
ocorrem em muitas crianças com PC. Estes distúrbios estão relacionados à mobilidade
diminuída, baixo nível de cognição e comunicação, função do membro superior e
disfunções neurogênicas ( MILLER,1998).
3.11.
Alteração da Expressão Verbal
Segundo Miller, (1998), em 49% das crianças com PC há
álbum tipo de problema na área da fala, podendo os distúrbios ser causados por
paralisia ou incoordenação dos músculos da fala (disartria) Afasias também
podem ser encontradas. Outras causas incluem surdez, baixos inteligência,
experiência e desenvolvimento da linguagem..
3.12.
Desordens do Sono
Um grande número de crianças
com PC tem dificuldade em dormir e manter ritmo regular de sono, o que não traz
problemas apenas para elas, mas também para os pais. Dormir bem pode ser
significativamente aliviante e promover relaxamento muscular.(MILLER,1998).
3.13.
Deformidades Ortopédicas
. As crianças com
espasticidade tendem a desenvolver deformidades articulares porque o músculo
espástico não tem crescimento normal. Flexão e rotação interna dos quadris,
flexão dos joelhos e equinismo são as deformidades mais freqüentes nas crianças
que adquirem marcha. Além destas, as crianças com tetraplegia espástica podem
desenvolver ainda, luxação paralítica dos quadris e escoliose. (FERRARETTO, ET AL , 1990)
Segundo . LEFÉVERE, 1985,
um exame minucioso do sistema muscular precisa ser feito em crianças com PC a
fim de diagnosticar luxação do quadril, escoliose, pé eqüino, contraturas
musculares. A redução da densidade óssea e propensão a fraturas são comuns nos
primeiros anos e progride rapidamente, continuando após a maturação do
esqueleto. A escoliose grave ocorre principalmente nos pacientes que têm
envolvimento total do corpo ou acamados. Se diagnosticada precocemente, pode
ser tratada e pode ajudar na prevenção de outras deformidades. (FERRARETTO, ET AL , 1990)
O
pé eqüino é a deformidade ortopédica mais presente nos pacientes com PC e se
deve a contratura fixa dos músculos gastrocnêmicos. Devido à espasticidade
inicial os músculos podem sofrer encurtamento levando a deformidades fixas que
podem requerer cirurgias como alongamento do tendão de Aquiles (LIANZA, 2001).
4. CONDUTAS TERAPÊUTICAS
O tratamento de crianças com paralisia cerebral sempre
foi alvo de controvérsias entre os
profissionais, havendo muitas correntes terapêuticas distintas. Dentre estas
correntes estão os métodos ontogenéticos e
os filogenéticos.
Um exemplo de terapia filogenética é o método de Temple
Fay, que utiliza padrões motores primitivos e reflexos patológicos como meios
terapêuticos (CARDOSO, 1971). Atualmente, este método não tem sido empregado na
prática fisioterapêutica.
O método ontogenético baseia-se na ordem cronológica da
evolução neuropsicomotora normal, enquanto que o método filogenético utiliza a
escala do desenvolvimento observado na evolução das atividades motoras desde os
movimentos mais simples dos peixes, aumentando-se a complexidade, ao passar por
batráquios, répteis e mamíferos (CARDOSO, 1971).
Das correntes ontogenéticas, uma das mais difundidas é o
método neurofisiológico de Bobath (1984).
Neste método, as técnicas de manipulação são por atuação central, utilizando-se
de posições inibitórias reflexas, que inibirão os reflexos tônicos, atuando
sobre os reflexos musculares, reflexos tônico-cervicais, labirínticos e até de
posturas anormais. Outros métodos utilizados são os de Kabat (KNOTT, 1968),
Phelphs e Rood (CARDOSO,1971)..
Sendo o método Bobath objeto deste estudo,
faz-se a seguir, uma descrição do mesmo.
4.1. O METÓDO
BOBATH
O método Bobath, também chamado de
Facilitação Neuro motora, ou Tratamento Neurodesenvolvimentista, foi criado
pelo medico Karel e pela fisioterapeuta Berta Bobath em 1943, a partir de estudos
sobre o desenvolvimento motor das crianças. O bebê desenvolve um mecanismo reflexo
postural normal que não está presente no nascimento e que, com o tempo, se
torna altamente complexo e variado. Tal mecanismo, associado ao processo de
inibição de algumas respostas do recém nascido (associado à maturação
cerebral), caracterizariam o desenvolvimento motor normal (BOBATH, 1984).
A base teórica do método
foi desenvolvido em torno dos níveis reflexos hierárquicos do sistema nervosos
de Jakson, Sherrington, e Magnus, favorecendo a inibiçao dos esquemas de
movimento patológico e estimulando o
tônus muscular, combinando a técnica de inibição e a técnica de
facilitação. Bobath excita assim, as reações de estiramento e obtém o controle
da cabeça, a rotação da cabeça e do tronco e reação de equilíbrio. O paciente é
deslocado e mantido por pontos precisos de modo a reagir ativamente pelas
reações desejadas. (BOBATH, 1984).
O Bobath
pode ser definido como uma técnica de reabilitação neuromuscular que
utiliza os reflexos e os estímulos sensitivos para inibir ou provocar uma
resposta motora, sempre respeitando os princípios da normalização do tônus e da
experimentação de um movimento ou de um controle estático normal. (BOBATH,
1989)
Em 1989 a autora escreve que o
método objetiva a diminuição da a espasticidade e a introdução dos movimentos
automáticos e voluntários a fim de preparar a criança para os movimentos funcionais.
Os pontos chaves de Bobath
correspondem às partes do corpo, geralmente as partes proximais, onde o tônus
anormal pode ser inibido e os movimentos mais normais facilitados, utiliza- se as
grandes articulações como as do ombro, coxofemoral ou da coluna como elemento
de excitação-inibição
O Bobath trabalha com a
facilitação do movimento, ou seja, solicita-se ajustamentos automáticos da
postura, a fim de produzir uma atividade através de reações automáticas de
proteção, endireitamento e equilíbrio. Então a facilitação baseia-se nas
reações de endireitamento (que são as reações estático cinéticas que estão em
atividade desde o nascimento e se desenvolvem em uma ordem cronológica) e nas
reações de equilíbrio (que são os movimentos que produzem adaptação postural
possíveis).
Para Bobath,1984, “o
sistema nervoso central da criança acometida com paralisia cerebral tem menos
aptidão para lidar com influxo aferente, embora possa não haver nenhum dano do
sistema sensorial e proprioceptivo”, ou seja, ela vai obter respostas de
movimento unificadas e completas, mas por meio de estereotipias que são
caracterizadas quando há uma repetição automática de movimentos, frases, e
palavras (verbigeração), ou busca de posições e atitudes, sem nenhum propósito.
Segundo Bobath, 1984,isto acontece devido a um “curto-circuito nas cadeias
sinápticas de alguns padrões típicos de atividade reflexa anormal”. E
complementa dizendo que “as respostas motoras da criança consistem
principalmente de alguns reflexos tônicos espinhais, embora possa ocorrer uma
ou outra retificação e equilíbrio mais altamente integrada”. Devido a estes
reflexos tônicos e espinhais as respostas citadas acima constituem os padrões
sensoriomotores anormais primários, no qual a criança vai se adaptando na intenção
de atingir o desempenho de habilidades funcionais, e com o passar do tempo o
domínio desses padrões primários tornar-se-ão secundários ou compensatórios,
que, quando não ponderado, poderão levar a contraturas e deformidades.
Os princípios de Bobath
são:
·
Tornar
o padrão muscular mais próximo do normal;
·
Abordagem
de posturas de inibição reflexa;
·
Suprimir
os padrões anormais antes que os padrões alterados possam ser introduzidos;
·
Paciente
recebe o máximo de informações proprioceptivas e esteroceptivas, seja no nível
automático, seja em um nível voluntário;
·
Tratamento
individualizado;
·
Paciente
deve ser visto sob um aspecto global.
Graças a estas técnicas, a criança
poderá adquirir experiência sensório motora normal, dos movimentos de base.
4.2. HIDROTERAPIA
Não se sabe precisar quando a hidroterapia foi
primeiramente utilizada de maneira terapêutica, porém registros datando de 2400 a.C. sugerem que a
cultura proto-indiana usava instalações higiênicas e que os antigos egípcios,
assírios e muçulmanos faziam uso das fontes minerais para prognósticos
curativos, (CAMPION, 2000).
Somente em 1697, na Inglaterra, é que voltou a ser
utilizada para tratamentos nos seres humanos. A partir de então, surgem algumas
poucas publicações.
A terapia com o uso da água se consolida a partir do
início do século XX, quando recebeu atenção científica.( CAMPION, 2000)
As duas guerras mundias, especialmente a Segunda,
salientaram a necessidade do uso da água para exercícios e a manutenção do
condicionamento e agiram como precursoras para o ressurgimento atual do uso da
piscina de hidroterapia e a utilização da imersão total como uma forma de
reabilitação, (HARRIS, 1963 apud CAMPION, 2000).
A imersão aquática possui efeitos fisiológicos relevantes
que se estendem sobre todos os sistemas e a homeostase. Estes efeitos podem ser
tanto imediatos quanto tardios, permitindo assim, que a água seja utilizada
para fins terapêuticos em uma grande variedade de problemas orgânicos. A
terapia aquática parece ser benéfica no tratamento de pacientes com distúrbios
músculo-esqueléticos, neurológicos, cardiopulmonares, entre outros, (GIMENES ET
al, 2005).
Os princípios físicos da água são: temperatura,
flutuação, turbulência, pressão hidrostática, viscosidade, densidade e tensão
superficial.
A temperatura da água irá favorecer a terapia aliviando a
dor, reduzindo os
espasmos, relaxando a musculatura, e facilitando dessa
forma a transferência e marcha de pacientes com déficit muscular, explorando
exercícios para preparar o paciente a realizar os movimentos em terra,
(CAROMANO, 2002).
As forças físicas da
água agindo sobre um organismo imerso, provocam alterações fisiológicas
extensas, afetando quase todos os sistemas do organismo.Os efeitos fisiológicos
podem somar-se aos desencadeados pela prática de exercício físico na água,
tornado as resposta mais complexas. ( CAROMANO, 2002)
Certamente estas
respostas e seus efeitos terapêuticos em um organismo sadio, são diferentes das
que ocorrem num corpo doente. O conhecimento detalhado dos efeitos da imersão,
acompanhada ou não de exercícios físicos, e da fisiopatologia, fornece
subsídios suficientes para o estabelecimento de objetivos fisioterapêuticos e
um plano de tratamento adequado para cada paciente (CAROMANO, 2002)
Em Morris (2000),
encontramos que a Hidroterapia é um recurso que vem crescendo no Brasil e
começa a ser aceito como opção de tratamento para a Paralisia Cerebral. Devido
às propriedades físicas da água, a movimentação voluntária e adoção de diversas
posturas podem ser facilitadas e os exercícios de alongamento muscular podem
ser realizados com alívio da dor e melhora da funcionalidade, além de facilitar
os exercícios respiratórios, o treino de marcha e, principalmente, as
atividades recreacionais. (CAMPION,
2000) .
Segundo Degani (1998) a hidroterapia é aplicada em piscina termo aquecida através da utilização de técnicas
especialmente desenvolvidas para este fim..
Métodos e técnicas
utilizados: (DEGANI, 1998.)
Método Halliwik: Criado por James Mac Millan em 1949 é
uma metodologia que, através de seu programa dos 10 pontos, ensina aos
pacientes habilidades diversas na água possibilitando movimentação segura e
independente. Baseia-se em princípios científicos e nas reações do corpo quando
imerso na água.
Método Bad Ragaz: Técnica que se desenvolveu nas águas
termais da cidade de Bad Ragaz, na Suíça, nos anos 30, aperfeiçoando-se na
Alemanha, nos anos 50. É um programa de importância na recuperação da condição
músculo-esqueléticas, no condicionamento pré e pós-cirúrgico e em algumas
afecções reumáticas e neurológicas.
Método Watsu: O Shiatsu na água (Water shiatsu -
Watsu) é uma prática pioneira de trabalho corporal que, desenvolvida por Harold
Dull nos anos 80, tem demonstrado alta eficiência no relaxamento, alívio de
dores e redução do estresse físico e emocional.
Um misto dos métodos supracitados é
utilizado amplamente na hidroterapia convencional,
e adaptado para cada individuo a ser tratado.
III –
METODOLOGIA
1-
Delineamento do estudo
Realizou-se uma revisão da
literatura com limitação temporal de 1998 e 2009, versando sobre o tratamento
da paralisia cerebral, através da
facilitação neuroevolutiva de Bobath e
da hidroterapia.
O
estudo foi desenvolvido na APAE de Feira de Santana, que é uma entidade filantrópica
de atenção á saúde e a educação de pessoas com deficiência
mental e autismo do município de Feira de Santana. Atende diariamente a cerca
de 600 pessoas com deficiência, dentre estes os paralisados cerebrais.
O estudo foi iniciado após
a solicitação e aprovação da Instituição acima citada.
O método de estudo
foi o da pesquisa bibliográfica, que conforme Gil (1996), define-se a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos.
2.
AMOSTRA
Os estudos foram identificados e selecionados pela autora
e colaboradores utilizando como estratégia de busca e fonte de informação os
seguintes bancos de dados computadorizados na Internet de 1998 a 2009: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), disponível no endereço
eletrônico http://www.bireme.br, onde foram pesquisadas as bases de dados da
Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), Biblioteca Cochrane e
Scientific Electronic Library Online (SciELO), e no United States National
Library of Medicine (PubMed), disponível no endereço eletrônico http://www.pubmed.gov. Também foi realizada a busca manual de estudos em
periódicos e livros.
As palavras-chave para busca foram: paralisia cerebral,
tratamento, Método de Bobah e hidroterapia.
3.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Os estudos foram pré-selecionados através dos títulos e
da leitura dos resumos.
A seleção dos artigos foi realizada segundo os seguintes
critérios de inclusão e exclusão:
1.
Foram
incluídos todos os estudos que versava acerca das terapêuticas que são objetos
dessa pesquisa.
2.
Foram
incluídos estudos realizados a partir de 1989;
3.
Foram
incluídos estudos publicados em português, inglês e espanhol
4.
Foram
excluídos relatos de caso, editoriais, e revisões narrativas;
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- RESULTADOS
Os estudos foram identificados e selecionados pela autora
e colaboradores utilizando como estratégia de busca e fonte de informação os
seguintes bancos de dados computadorizados na Internet de 1998 a 2009: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), disponível no endereço
eletrônico http://www.bireme.br, onde foram pesquisadas as bases de dados da
Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura
Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), Biblioteca Cochrane e Scientific
Electronic Library Online (SciELO), e no United States National Library of
Medicine (PubMed), disponível no endereço eletrônico http://www.pubmed.gov. Também foi realizada a busca manual de estudos em
periódicos e livros.
Dos 209 trabalhos localizados 57 foram excluídos por se
tratarem de revisões de literatura. Destes, 102 foram utilizados, sendo 64
publicações sobre hidroterapia no tratamento da paralisia cerebral inclusive
dissertações e monografias. Apenas 38 publicações sobre o método Bobath no
tratamento da paralisia cerebral. Não foi encontrado nenhuma dissertação ou
tese sobre o Método Bobath, apenas monografias.
- DISCUSSÃO
Não foi encontrada nenhuma publicação que fizesse um
estudo comparativo entre as duas
técnicas, nem consenso sobre a melhor técnica, protocolo e sua eficácia.
Em relação a hidroterapia a maioria das publicações eram
do tipo estudo de caso o que limita bastante a amostra, tornando os estudos com
pouca evidência cientifica.
Os resultados demonstram que a
hidroterapia, como tratamento, promove melhora funcional significativa para
pacientes com paralisia cerebral. Entretanto, os autores concluem afirmando
que, devido
à amostra pequena, novas pesquisas são necessárias para confirmação desses
achados.
Em relação ao método Bobath, não foram
encontrados publicações mais recentes, todos os estudos eram anterior a 2004,
denotando assim, necessidade de pesquisas mais recentes nesta área.
Os estudos apresentavam uma amostra pequena o
que tornando-os também com pouca evidências cientificas.
Os autores concluíam, afirmando que os
sujeitos estudados apresentaram melhora do quadro tônico influenciado pelo
incremento do controle motor, o que
denota a importância da utilização do método, devendo este ser considerada
entre as opções no tratamento da Paralisia Cerebral na infância
- CONCLUSÃO
Existem fortes evidencias clinicas da eficácia do Método
Bobath e da Hidroterapia Entretanto encontramos fracas evidências cientificas na
literatura dos benefícios das técnicas, sendo fundamental a elaboração de novos
e criteriosos estudos e pesquisas que
possam corroborar para uma implementação de condutas de prevenção e
reabilitação, bem como a facilitação da elaboração de protocolos, atualização
dos serviços, e principalmente dos profissionais, pois evidenciará uma proposta terapêutica mais eficaz, e
fornecerá subsídios para um programa terapêutico reabilitatório na
paralisia cerebral.
V. REFERÊNCIAS
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o que é? Como se faz?: Normas atualizadas da ABNT- 3. ed. Rev.Curitiba:
Champagnat: IBPEX, 2004
Você conhece o método Vojta de fisioterapia?
ResponderEliminarEncontrei a bibliografia abaixo:
VOJTA, V.; PETERES, A. O princípio Vojta: grupos musculares na locomoção reflexa e na
ontogênese motora. São Paulo: Manole, 2000.
No Youtube há algumas imagens do método sendo aplicado.
http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=Fxbqmgy6uE4
Olá Regina
EliminarO método Vojta foi muito usado nos anos 80, no tratamento de crianças com paralisia cerebral, mas atualmente está em desuso.
Mary
Por que não usam mais o método Vojta? Agradeço a esse método o fato de meu filho ter evoluído tanto e alcançado sua independência. Meu filho não conseguia movimentar a cabeça de um lado para o outro. Não movia os braços e nem as mãos. Ele era submetido a esses exercícios todos os dias. e Graças a Deus ele conseguiu recuperar os movimentos e se tornou um homem independente.
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