Homenagem a
meu pai, Teodulo Pereira Portugal;
Começo esse
texto transcrevendo citações de Chico Xavier, que em sua imensa sabedoria,
falava da morte com muita tranquilidade.
“Na Terra,
quando perdemos a companhia de seres amados, ante a morte, sentimo-nos como se
nos arrancassem o coração. Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de
escutar palavras que emudeceram. E muitas vezes tudo o que nos resta no mundo
íntimo é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão, pelas fontes
dos olhos.
Se a
saudade, a distância e o vazio te atormentam o espírito, asserena-te e ora,
como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes
inesquecíveis com os quais conviveu. Lembra aqueles que não mais te
compartilham as experiências, mas não porque a pessoa desapareceu para sempre,
e sim porque está ausente.
Os que
rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação,
também lutam e amam, sofrem e se renovam. Enfeita-lhes a memória com as
melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranquilizá-los com o teu
amor. Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que
se vejam em sintonia mental contigo, hei-los que suportam angústia maior, de
vez que passam a carregar as aflições maiores que as tuas.
Chora,
quando não possas evitar o pranto. No entanto, converte quanto possível as
próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles
todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo
para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus”.
Rubem
Alves, que discorreu inúmeras vezes sobre o tema, destacou em seu livro "Desfiz
75 anos" que: " A morte nunca fala sobre si mesma. Ela só fala sobre
a vida. Basta pensar nela para que a gente ouça a sua voz silenciosa nos
perguntando: E a sua vida como vai? O que você está fazendo com o tempo que lhe
resta?".
E aí, entre
a angústia, a saudade e o medo que a morte carrega, vem a possibilidade de
reflexão sobre a maneira como levamos a nossa vida, as marcas que deixamos
enquanto vivos e a escrita desesperada de quem deseja ser infinito.
A morte quando chega assim, tão rápida, é coisa que
não se aceita fácil. É inacreditável, é dolorida.
Mas, o tempo vai passar.
Logo, as lágrimas cessarão e, no lugar do choro
incontido, momentos de alegria com os amigos serão relembrados. Vão dizer: Que
saudade! Mas agora, com menos dor.
Logo, a vida será retomada. Você foi, mas o mundo
não parou! Em breve, todos retomarão o ritmo normal de suas vidas.
As pessoas continuarão. Mas, ainda existirá um
pouco de você entre os vivos. Vídeos, fotografias, livros, perfumes, roupas e músicas.
Pode ser numa roda de conversa entre amigos, numa reunião familiar, numa
matéria de jornal, numa retrospectiva de fim de ano.
Em algum momento vão lembrar de você. Vão falar o
seu nome. Vão pensar em você quando tocar sua música preferida.
Você ainda vive! Porque você plantou sementes. Deixou
um legado. Deixou pegadas, lembranças e saudades.
Martha
Medeiros escreveu que, “ morre
lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos
nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho
nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos” .
E Teté
viveu intensamente, noventa anos com peso de cem, como o mesmo referiu na
semana anterior a sua partida.
Teté vive
e não morrerá nunca nas nossas memórias e nos nossos corações.
Construiu
a sua história. Deixou um legado de amor, de honestidade de retidão que é a
nossa maior herança, não nos esqueçamos disso.
Continuemos
unidos, amando uns aos outros como ele nos ensinou. Festejando, celebrando com
a certeza que ele estará entre nós. Lembremos dele com alegria, sempre dos bons
momentos vividos ao seu lado. Esqueçamos os ruins, para que lembrar de coisas
tristes? Deixemos as magoas e os fardos pesados para trás, caminhemos com o
coração leve e com muita serenidade, porque ontem é passado e amanhã é futuro.
Hoje é o
dia de vivermos intensamente, porque poderá ser o ultimo dia aqui nesse plano
espiritual.
Um desconhecido
fez uma analogia entre a vida e uma viagem de trem, cheia de embarques e
desembarques.
E Ana Vilela em sua linda canção, nos diz: “a vida é
trem-bala, parceiro. E a gente é só passageiro prestes a partir”.
Mary
Portugal Makhoul
04.11.17
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