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sábado, 4 de noviembre de 2017

Tributo ao meu pai


Homenagem a meu pai, Teodulo Pereira Portugal;

Começo esse texto transcrevendo citações de Chico Xavier, que em sua imensa sabedoria, falava da morte com muita tranquilidade.
“Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a morte, sentimo-nos como se nos arrancassem o coração. Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram. E muitas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão, pelas fontes dos olhos.
Se a saudade, a distância e o vazio te atormentam o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis com os quais conviveu. Lembra aqueles que não mais te compartilham as experiências, mas não porque a pessoa desapareceu para sempre, e sim porque está ausente.
Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam. Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranquilizá-los com o teu amor. Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia mental contigo, hei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as aflições maiores que as tuas.
Chora, quando não possas evitar o pranto. No entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus”.
Rubem Alves, que discorreu inúmeras vezes sobre o tema, destacou em seu livro "Desfiz 75 anos" que: " A morte nunca fala sobre si mesma. Ela só fala sobre a vida. Basta pensar nela para que a gente ouça a sua voz silenciosa nos perguntando: E a sua vida como vai? O que você está fazendo com o tempo que lhe resta?".
E aí, entre a angústia, a saudade e o medo que a morte carrega, vem a possibilidade de reflexão sobre a maneira como levamos a nossa vida, as marcas que deixamos enquanto vivos e a escrita desesperada de quem deseja ser infinito.
A morte quando chega assim, tão rápida, é coisa que não se aceita fácil. É inacreditável, é dolorida.
Mas, o tempo vai passar.
Logo, as lágrimas cessarão e, no lugar do choro incontido, momentos de alegria com os amigos serão relembrados. Vão dizer: Que saudade! Mas agora, com menos dor.
Logo, a vida será retomada. Você foi, mas o mundo não parou! Em breve, todos retomarão o ritmo normal de suas vidas.
As pessoas continuarão. Mas, ainda existirá um pouco de você entre os vivos. Vídeos, fotografias, livros, perfumes, roupas e músicas. Pode ser numa roda de conversa entre amigos, numa reunião familiar, numa matéria de jornal, numa retrospectiva de fim de ano.
Em algum momento vão lembrar de você. Vão falar o seu nome. Vão pensar em você quando tocar sua música preferida.
Você ainda vive! Porque você plantou sementes. Deixou um legado. Deixou pegadas, lembranças e saudades.
Martha Medeiros escreveu que,  “ morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos” .
E Teté viveu intensamente, noventa anos com peso de cem, como o mesmo referiu na semana anterior a sua partida.
Teté vive e não morrerá nunca nas nossas memórias e nos nossos corações.
Construiu a sua história. Deixou um legado de amor, de honestidade de retidão que é a nossa maior herança, não nos esqueçamos disso.
Continuemos unidos, amando uns aos outros como ele nos ensinou. Festejando, celebrando com a certeza que ele estará entre nós. Lembremos dele com alegria, sempre dos bons momentos vividos ao seu lado. Esqueçamos os ruins, para que lembrar de coisas tristes? Deixemos as magoas e os fardos pesados para trás, caminhemos com o coração leve e com muita serenidade, porque ontem é passado e amanhã é futuro.
Hoje é o dia de vivermos intensamente, porque poderá ser o ultimo dia aqui nesse plano espiritual.
Um desconhecido fez uma analogia entre a vida e uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques.
E Ana Vilela em sua linda canção, nos diz: “a vida é trem-bala, parceiro. E a gente é só passageiro prestes a partir”.

Mary Portugal Makhoul

04.11.17

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